Você sabe o que Caraguatatuba em São Paulo, Gravatá em Pernambuco e Gravataí em Rio Grande do Sul têm em comum? Caraguatá e gravatá são designações indígenas dadas a algumas espécies de Bromélias que deram origem, por exemplo ao nome destas cidades mencionadas acima.
No nordeste brasileiro outra denominação bastante comum para algumas Bromeliáceas é “macambira” . Uma dessas “macambiras”, inclusive, o coroá (Neoglaziovia variegata) já gozou de alta significação econômica naquela região.
É que dele se extrai uma fibra semelhante ao sisal (uma espécie de Agave) e que, como ele, serve para fazer cordas, redes, capachos e sacarias, porém com a vantagem de ser muito mais resistente à água salgada.
O gostoso Abacaxi, fruta das mais comuns, acabou popularizando a família toda das Bromeliáceas, embora uma grande maioria das pessoas ainda não sabem da semelhança peculiar desta fruta com o mundo das plantas.
Existe ainda um outro lado negativo que paira sobre a família das Bromeliáceas que desagrada a maioria dos jardinistas, por ser injusta, de discriminação e até preconceituosa.
Há quem diga, por exemplo, que as Bromélias atraem cobras.
Se analisarmos friamente a situação até que pode ser verdade. É notório que o depósito de água de algumas Bromélias, conhecido popularmente como “o copo”, quando mantido com água estagnada, realmente atraem insetos e, na trilha deles pererecas e lagartixas e como afirma o ditado popular: “cobra que não anda não engole sapo…” é bem possível que a Bromélia atraia cobras mesmo, mas isso naturalmente nas matas ou quem sabe num jardim abandonado, dificilmente no seu jardim ou na sua casa, afinal Bromélias são tão bonitas e dão tão pouco trabalho, que manter seus “copos” livres de água estagnada não pode ser considerado uma tarefa árdua.
Outro preconceito pelo mesmo problema dos “copos” mantidos com água estagnada diz respeito a proliferação de insetos responsáveis pela transmissão de algumas moléstias, como a dengue e a malária. Por conta disso no passado florestas inteiras em volta de cidades e vilarejos foram erroneamente derrubadas.
Pelo que se sabe, foram derrubadas no Brasil mais de 3 mil hectares de “matas urbanas” (hoje áreas de preservação ambiental) com intenção de exterminar as Bromélias, que supostamente davam abrigo aos insetos transmissores dessas doenças. Num primeiro momento, as endemias foram efetivamente controladas, mas a conta deste desastre ecológico foi paga depois, sobre a forma de um grave desequilíbrio ecológico. Este desequilíbrio que provocou e ainda provoca entre outras coisas, a erosão das encostas e com o consequente desmoronamento de barrancos, que levam de roldão estradas, ruas, viadutos e até casas.
Moral da história: a diferença entre o remédio que cura e o veneno que mata está quase sempre na dose. Assim, saber neutralizar o lado negativo das coisas é a maneira mais sabia de tirar proveito das maravilhas da Natureza.