A busca pela preservação e conservação dos recursos naturais (solo, água, ar, flora, fauna, energia), tem levado a sociedade a uma busca constante de novas formas de produzir e consumir produtos apoiados em princípios ecológicos e sustentáveis.
A Embrapa em busca de um substituto natural ao tradicional vaso de xaxim, que era produzido a partir do caule da Samambaiaçu (Dicksonia sellowiana), planta que hoje é preservada por leis ambientais severas, desenvolveu um xaxim agroecológico.
A produção do xaxim agroecológico se dá com o plantio de uma espécie agrícola, como o milheto (Pennisetum glaucum), cujo sistema radicular é empregado, em conjunto, com composto orgânico feito de resíduos vegetais, moldado em um vaso, cujas propriedades se assemelham ao produto natural.
Algumas tecnologias surgiram para tentar suprir a demanda decorrente da interrupção da oferta de vasos e suportes de xaxim. Existem atualmente diversos produtos disponíveis, que são obtidos por meio de processos industriais, sendo mais conhecidos os fabricados com fibra de coco prensada. O desempenho desses produtos, porém, não é totalmente satisfatório, pois eles apresentam reduzida capacidade de retenção de água e de fornecimento de nutrientes. Funcionam mais como recipientes do que como substratos e necessitam ser preenchidos com solo ou outro material que proporcione condições para o desenvolvimento vegetal.
O xaxim agroecológico é obtido por meio de enraizamento vegetal e para composição dessa estrutura optou-se pela utilização do milheto, que, além do rápido crescimento, apresenta enraizamento vigoroso e quando cultivado em substrato com elevado teor de matéria orgânica proporciona a formação de um emaranhado com grande volume de raízes, e produz estruturas com características muito parecidas com as do xaxim original.
Entretanto, essa estrutura não apresenta grande durabilidade, pois, quando o vaso é utilizado sem qualquer impermeabilização, as raízes de milheto umedecem e entram rapidamente em decomposição, resultando na fragmentação do vaso.
Na tentativa de solucionar esse problema e conservar a estrutura do vaso, as paredes laterais são impermeabilizadas com aplicação de cera derretida, que penetra alguns milímetros na malha formada pelas raízes. Ao esfriar e se solidificar, a cera cria uma camada que impermeabiliza as raízes e impede a sua decomposição, formando uma estrutura rígida. A malha de raízes confere resistência à tração, e a cera confere resistência à compressão. Guardadas as devidas proporções, esse processo é semelhante ao utilizado no concreto armado, em que as ferragens conferem resistência à tração, enquanto o concreto oferece resistência à compressão e cria uma camada que isola as ferragens, evitando o enferrujamento.
Os vasos obtidos por enraizamento vegetal são muito parecidos com o xaxim original, tanto em relação à aparência física quanto ao desempenho agronômico. Apresentam, porém, capacidade de retenção de água e de fornecimento de nutrientes superiores aos do xaxim original. Podem ser produzidos sem a necessidade de uso de equipamentos complexos e de grandes estruturas físicas, o que possibilita a sua produção por pequenos empreendedores.
Além disso, os vasos obtidos por enraizamento vegetal empregam materiais abundantes e de fácil obtenção. Possuem forte apelo ecológico, pois não utilizam resina em sua composição e podem ser certificados como produto orgânico, desde que seja utilizada matéria prima também certificada como orgânica.
O xaxim agroecológico pode ser produzido a partir de diferentes substratos, com propriedades físicas e químicas variadas, o que possibilita a obtenção de produtos diversificados, com características adequadas para proporcionar condições de crescimento ideais a plantas com diferentes requerimentos.
Desvantagens do Xaxim Agroecológico
A durabilidade do xaxim agroecológico é menor do que a do xaxim original. Se permanecer exposto ao sol e à chuva, pode ser muito reduzida. Por outro lado, se for cultivado com plantas ornamentais de enraizamento intenso, como as samambaias, o xaxim agroecológico mantém sua integridade física enquanto a planta estiver viva.
Os vasos obtidos com essa tecnologia possuem menor resistência física do que os vasos do xaxim original, e estão mais sujeitos a danos causados durante o seu transporte e manuseio. Como essa tecnologia foi desenvolvida recentemente, suas limitações e potenciais não foram totalmente identificados. Não existem avaliações de longo prazo e nem estudos de desempenho desse produto para o cultivo de diversas espécies vegetais.
Até o momento, toda a produção de vasos obtidos por enraizamento vegetal foi feita em pequena escala, de modo artesanal. Sendo assim, para a produção desse material em quantidades maiores, será necessário realizar adaptações e/ou aperfeiçoamento no processo produtivo.
Fonte: Embrapa
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